Decidi compartilhar com vocês um texto que escrevi em 2011. Acredito que para muitos ainda assim será um texto atual. É um pouco longo mas sem dúvidas vale a pena ler até ao final.
Abraços,
Gilmar
"Que
caminho seguir? (@gilmarvieira) 26/04/2011
Por Gilmar Vieira
Por Gilmar Vieira
Essa é a pergunta que a maioria dos
recém-formados fazem. Também é feita por aqueles que ainda não concluíram sua
graduação e, também, por aqueles que ainda não decidiram qual faculdade devem
ou querem cursar.
Penso que mesmo após a escolha da faculdade,
da profissão a ser seguida, a área de atuação ainda não se delimitou.
Obviamente que o “leque de opções” já fica reduzido com a escolha da graduação
que se cursará, mas a área de atuação geralmente ainda não.
Citarei o meu próprio exemplo e cada um
analise sua situação pessoal. Vejamos:
Me formei no final de 2008 como Bacharel em
Direito, fui aprovado no primeiro exame de ordem que prestei (137º Exame de
Ordem) em SP. Antes que digam que foi sorte, lhes digo que a preparação para
que isso acontecesse foi árdua, chegando a 14 horas de estudos diários e muitos
dias com somente 2 ou 3 horas de sono. A sorte só aparece para quem está
preparado naquele momento. Não podemos colocar todas nossas moedas somente na
sorte, é preciso mais, é preciso foco, é preciso afinco nos estudos, é preciso
estudar o edital, é preciso estar presente nas aulas (quem ainda está cursando
a graduação), enfim, aproveitar e fazer tudo o que está a seu alcance, para que
aí sim a sorte possa lhe sorrir.
Passado a OAB, já advogado, terno alinhado,
peito estufado, escritório montado, que venham os casos, os processos, as
ações, os clientes. CALMA! Não é tão simples e fácil assim. A Advocacia é
relação de confiança, confiança entre Advogado e Cliente. Mas, se o caminho a
seguir é montar seu escritório, como ter confiança se quase ninguém te conhece?
O processo é lento e demorará uns bons anos até você ter a confiança da
sociedade e até lá, excluindo aqui os casos daqueles alunos que já estagiam em
escritórios e que a aprovação é condição “sine qua nom” para sua
efetivação, a clientela é escassa, escassa e muito exigente!
Mas e aí, que fazer? Pois bem, essa é a
pergunta que me faço neste momento. A Advocacia sem tempo para dedicação
exclusiva, por conta da necessidade de se manter em outra atividade
profissional, é algo complicado de se imaginar. Se com dedicação em tempo
integral já é algo difícil, imaginem o contrário. Estamos entre a “Cruz e a
Espada”!
Preciso me decidir primeiramente o que fazer
levando em conta meus gostos pessoais, minhas convicções, minha visão de
trabalho e profissional ideal e que quero ser.
Listei as seguintes opções:
1 –
Advogado de Empresa;
2 –
Trabalhar em escritório de Advocacia ou constituir escritório próprio;
3 –
Prestar concurso;
4 –
Lecionar.
Vejamos os prós e contras de cada opção:
1 –
ADVOGADO DE EMPRESA:
Para conseguir trabalhar em uma empresa tenho
dois caminhos: Trainee/Estágio ou experiência. Se conseguir passar no árduo
caminho de seleção para Trainee/estágio terei a oportunidade de não somente
trabalhar no departamento jurídico, mas também de conhecer toda a estrutura da
empresa, setores como produção, logística, gestão de pessoas, marketing, enfim,
poderei até descobrir que tenho afinidade ou paixão por uma área diferente da
área de formação. Gestão de pessoas, quem sabe?
Posso entrar também por ter experiência em
determinada área específica: Contratos, Tributário, Trabalho, Societário,
Comercial, Administrativo, enfim, vai depender das necessidades da empresa.
Essa é uma opção um pouco distante de minha realidade. Se estou começando agora
como posso ter experiência? Três, cinco, sete anos como algumas exigem. Não
tive oportunidade de estagiar e se você teve a oportunidade em algum escritório
ou empresa em uma determinada área e tem essa experiência, aproveite, seu
caminho está mais curto do que você pensa!
Mas a dedicação a uma determinada área se
concentra nas grandes empresas, já nas médias e pequenas empresas o
conhecimento exigido é amplo, pois normalmente existem um ou dois advogados e
que fazem de tudo um pouco. Logo, para trabalhar como Advogado em uma empresa
menor terei que dominar Direito do Trabalho, Tributário, Comercial, Societário,
Administrativo, Contratos, etc..., tudo junto.
Em ambos os casos precisarei dominar no mínimo
uma segunda língua, pois com a globalização das empresas atualmente, é muito
provável que tenha que me reportar a sede da empresa que fica nos Estados
Unidos, Inglaterra, Alemanha, Chile, China e por ai vai. Logo, se minha opção é
trabalhar em uma grande empresa e até mesmo nas médias e pequenas, uma segunda
língua não é mais diferencial, é pré-requisito. Assim como eu, muitos outros
também não tiveram a oportunidade de começar o estudo de uma segunda língua
desde cedo. Mas isso é desculpa? Acredito que não!
Nessa opção a dedicação é quase que exclusiva,
senão total, pois com tantas áreas do Direito para dominar, tempo é questão
crucial para atualização e entrega de resultados. Soma-se a isso, a necessidade
intrínseca de entender de negócios (Marketing, Gestão de Pessoas, Finanças,
etc...), mais precisamente do negócio da empresa, o que ela faz, como faz,
porque faz, para quem vende, enfim, precisa entender a cadeia de processo, pois
somente assim serei capaz de dar respostas jurídicas eficazes para o êxito da
empresa.
E ainda, a possível exigência de mudança de
cidade, a necessidade de deslocamento constante, realização de audiências,
reunião com clientes, discussão de contratos e principalmente a forte pressão
por resultados são mais alguns fatores que devo observar se essa for minha
escolha profissional.
Já ia me esquecendo da remuneração. Para os
Advogados em início de carreira em uma empresa a remuneração fica em torno de
R$ 1.000,00 à R$ 4.000,00 reais. Com alguns anos a mais de experiência a
remuneração está na faixa de R$ 4.000,00 à R$ 8.000,00 reais. Um gerente
jurídico tem uma remuneração na faixa de R$ 10.000,00 à R$ 15.000,00 reais e um
Diretor jurídico com bastante experiência e bons anos de empresa pode chegar ao
salário de R$ 20.000,00 à R$ 30.000,00 reais, fora os bônus por desempenho.
Obviamente que aqui terei que considerar que isso varia de empresa para
empresa, principalmente pelo seu porte. Um Diretor jurídico de uma pequena
empresa pode ter o salário de R$ 5.000,00/mês e sem direito a bônus.
Muitos desafios, mas seguramente uma opção de
carreira dinâmica.
2 –
TRABALHAR EM ESCRITÓRIO DE ADVOCACIA OU CONSTITUIR ESCRITÓRIO PRÓPRIO
Para
trabalhar em um escritório é preciso primeiramente ter estudado em uma boa
faculdade (De primeira linha). Vejo esse requisito na maioria das publicações
de vagas de escritórios em SP. Alguns escritórios publicam ainda que se esse
requisito não for atendido o currículo é sumariamente descartado. Não quero
aqui entrar no mérito da questão, mas isso é o certo a se fazer? Sem uma boa
entrevista, dinâmica de grupo, conversa com os sócios do escritório, acredito
que definir a qualidade de um profissional apenas pela faculdade onde se formou
seria exagero. Se com todos os instrumentos de avaliação acima já é difícil
acertar um perfil, imaginem impondo o pré requisito faculdade de primeira linha
para descartar aqueles que não tiveram a oportunidade de estudar em uma boa
faculdade, mas que seriam melhores profissionais, persistentes, perspicazes,
corajosos e que apenas por causa da faculdade nem tiveram oportunidade de
demonstrarem suas qualidades.
Mas
voltando ao cerne da questão, trabalhar em um grande escritório será o mesmo
que entrar numa linha de produção, onde atuarei em áreas específicas do
direito. Poderei quem sabe, com o passar do tempo migrando de um ramo para
outro, adquirindo grande experiência.
Há
aqueles escritórios menores que poderei atuar já em mais de uma área específica,
inclusive tendo a oportunidade de ter contato direto com alguns clientes,
participar de reuniões, dar pareceres, enfim, não me sentir apenas um robô
repetindo de forma mecanizada teses em contencioso de
massa. Há os escritórios butiques que são
aqueles onde a especialização é o seu diferencial, diferentemente dos grandes
escritórios onde quase todas as áreas do direito são atendidas. São escritórios
reconhecidos por sua especificidade e qualidade em sua determinada área. Temos
escritórios especializados em Direito Tributário, Fusão e Aquisição, Ambiental,
Penal, Administrativo, etc... Para entrar em qualquer um desses o caminho se
repete: Estágio ou Experiência.
Posso
conseguir um estágio durante a faculdade e logo após a aprovação no exame de
ordem ser efetivado e a partir disso trabalhar como Advogado. Posso entrar
também por ter experiência em uma determinada área. Vejo que alguns escritórios
preferem até contratar recém formados e que já tenham sido aprovados no exame
de ordem, pois acreditam que esses serão profissionais sem vícios, sendo
ensinados de acordo com a cultura do
escritório.
Dependendo
da área que escolher não terei dúvidas de que a segunda língua será pré
requisito. Muitos escritórios atualmente prestam serviços para empresas
estrangeiras. Logo, os contatos e reuniões com esses clientes serão feitos
única e exclusivamente utilizando a segunda
língua. No meu caso específico, este
requisito está ainda um pouco longe de ser atendido, mesmo que já esteja
estudando com afinco, o domínio de uma segunda língua não acontece num passe de
mágica. É preciso tempo para assimilar o aprendizado e ainda mais tempo para
praticar o aprendizado. Desistir? Obviamente que não!
Aqui
a dedicação também será quase que exclusiva. Sempre será assim? Não! Mas é
preciso estar preparado para que isso aconteça quase que constantemente. Quem
leu o livro Cartas a um Jovem Advogado, sabe que em um determinado ponto o
autor menciona que por causa da assessoria do escritório em um grande negócio
de sua cliente, tiveram que passar dias trancados no escritório, inclusive
dormindo no escritório. Logicamente neste caso o sigilo da negociação e das
informações era condição para que o negócio tenha sido realizado com sucesso,
nada podia vazar. Estou citando apenas um exemplo que um grande escritório, mas
não penso que seja diferente em escritórios menores, onde por culpa da
globalização das transações comerciais, todo e qualquer empresa precise do
apoio integral de um escritório de advocacia. O mercado não tem hora e o
escritório (Digo, o Advogado) precisa estar ali, pronto para dar respostas
eficazes, independentemente da hora. Viagens, reuniões com os clientes,
audiências, negociação, discussão de contratos, acompanhamento em diligências,
etc..., rotina normal de quem se propõe a trabalhar em um escritório.
Já
para aqueles que escolheram montar o seu próprio escritório, assim como eu, as
dificuldades são ampliadas em um sem número de vezes. Não somente precisarei
dar conta de solucionar os problemas dos clientes, mas também, gerir
administrativamente o escritório.
Quanto
será o aluguel, o telefone, a internet, o sulfite, o toner da impressora, as
despesas com combustível, alimentação. Meu Deus! Darei conta de tudo isso? É
preciso preparação. Cursos de gestão de escritórios são uma mão na roda para
aprender algumas dicas valiosas de como gerir o escritório. É o suficiente?
Não! Não é suficiente, pois como disse anteriormente, inicialmente a carteira de
clientes não é suficiente para manter todas as despesas do escritório, que
mesmo sem demanda o custo se mantém
alto.
Mas e aí o que fazer? Qual caminho seguir? NÃO EXISTE SOLUÇÃO
MÁGICA!".
SEGUNDA PARTE: 06/06/2011
Retornando ao presente texto, gostaria de
agradecer pelos comentários que a primeira parte teve quando de sua publicação
no blog ADVOCACIA HOJE do meu amigo @LuisFRChacon e também
quando o mesmo fora replicado no blog Exame de Ordem de Maurício Gieseler Perspectivas Após a Aprovação No Exame da OAB. Muitos
leitores se identificaram com as situações relatadas! Que bom! Bom porque agora
sei que as dúvidas e o momento pelo qual passo não são exclusividade minha e
outros estão na mesma situação. Naquele primeiro texto refletimos sobre duas
possíveis alternativas: a primeira relacionada com a Advocacia em escritório
próprio e a segunda com a Advocacia como empregado (escritórios ou jurídicos).
Agora, vamos em frente com nossas dúvidas: Prestar concurso e/ou Lecionar!
3 –
PRESTAR CONCURSO
Opção
de muitos, obviamente! Mas precisarei ter em mente que ao optar por concurso
público uma questão se tornará crucial: Tempo! Precisarei dispor de parcela
significativa de tempo diário para me preparar. E quem tem tempo disponível?
Difícil.
Milhares
e milhares de pessoas hoje estão focados em passar em concursos públicos, o que
não significa que esses milhares de candidatos estejam preparados
adequadamente. Percebe-se que muitos prestam uma prova de concurso público para
ver se dá na sorte, tipo, quem sabe, não é? Ilusão!, triste ilusão!, vejamos:
Para
se tornar um servidor público atualmente é preciso ter um amplo conhecimento,
seja em conteúdo de matérias previstas no edital, seja em preparação para a
realização de uma prova. Várias são as bancas que organizam os concursos e cada
uma tem a sua peculiaridade e forma de avaliação. Cabe ao candidato estar atento
a banca que realizará o concurso que se tem em vista, sob pena de simplesmente
não conseguir a pontuação necessária para sua aprovação. Não quero entrar em
detalhes e nem mesmo tenho conhecimento suficiente das peculiaridades de cada
banca, mas pelo pouco que li sei que realmente essas diferenças existem.
Como
escrevi anteriormente uma questão crucial é o tempo, tempo esse para adquirir o
vasto “arsenal” de conhecimento necessário para obter a aprovação no concurso
almejado. Já li vários relatos e também vários amigos me disseram que levaram
no mínimo 1 ou 2 anos para adquirirem conhecimento suficiente para começarem a
pensar em prestar o concurso pretendido. Não estamos aqui falando de concursos
de níveis médios, mas sim de concursos jurídicos (Considerando que este é um de
nossos objetivos após a aprovação na OAB!). Magistratura, Ministério Público,
Defensoria, AGU, Procuradorias, Delegado, etc..., todos concursos extremamente
difíceis e concorridos! Não estou dizendo que concursos de níveis médios são
fáceis, mas sim que a preparação é outra!
Recentemente
um amigo próximo foi aprovado para o MP de São Paulo. Não me lembro ao certo,
mas entre a saída da faculdade e sua aprovação 4 ou 5 longos anos e 3 ou 4
concursos prestados foram necessários para sua aprovação.
Nestes
concursos a amplitude de matérias cobradas no edital faz com que o tempo
necessário de estudos seja grande. Não somente a leitura de todas as matérias
do edital, mas sim a leitura, a revisão, a realização de exercícios, a leitura
novamente, até que já estejamos (pensando que estamos) dominando o assunto e
assim preparados para realizar a prova. Deus queira que já sejamos aprovados na
primeira prova prestada, mas infelizmente a realidade é outra e a máxima dos
concursandos é a de que “Concurso não se faz para passar, mas até passar!”.
Soma-se a isso o fato de que não é a todo o momento que abre concurso para
Magistratura, por exemplo, e a preparação precisa levar isso em conta. Um ano
abre concurso para Magistratura, pode se levar um ano, dois, três ou até mais
para que outra seleção seja novamente aberta. Citei Magistratura apenas como
exemplo. Podem ser MP, Defensoria, AGU, etc...
Mas
sigamos em frente! Para optarmos por concursos públicos além de nos dedicarmos
um bom tempo estudando e dominarmos o conteúdo do edital, outra coisa de faz
necessária: O gasto com livros e cursinhos! Já que precisamos dominar um amplo
leque de matérias, um bom número de livros também precisará ser adquirido e
como já sabemos livros de direito não são baratos! É o mesmo investimento que
montar um escritório para advogar? Pode ser que sim, pode ser que não, depende
do “nível” de escritório, mas mesmo que não seja o mesmo gasto que montar um
escritório, o gasto é relativamente alto! Acredito que por menos de R$ 3.000,00
não consiga comprar a bibliografia BÁSICA para começar a estudar. E
se quero ser aprovado o mais rápido possível, bibliografia complementar e até
mesmo duas ou três doutrinas de cada matéria são diferenciais para que eu possa
dominar o assunto (Quero ressaltar que o ideal é escolher um bom livro de cada
disciplina e estudar somente por ele até que se tenha noção e conhecimentos
necessários para que a bibliografia complementar somente venha a agregar e não confundir!).
Na mesma esteira da bibliografia complementar estão os cursinhos preparatórios,
sejam os cursos presenciais, sejam os cursos on-line. Ambos são uma mão na roda
para que o domínio do assunto seja alcançado o mais rapidamente. Hoje contamos
com excelentes professores dando um show de domínio em cada área especifica.
Uma ressalva se faz com relação ao método de estudo por cursinhos on-line: É
preciso disciplina e dedicação! Não estou querendo dizer que são menos
eficientes, estou querendo dizer que a disciplina e dedicação devem ser
constantes, haja vista quer ficar “assistindo” duas, três, quatro ou mais horas
uma tela de computador não é nada fácil!
Outra
coisa que aquele que opta por prestar concurso pode fazer é prestar outros
concursos, ou seja, com foco no concurso X, pode prestar os concursos Y e Z
para testarem o seu conhecimento e quem sabe de quebra ser aprovado também.
Para aqueles que só estudam e as finanças não andam tão bem, essa é uma
alternativa a ser considerada, pois já estabilizado financeiramente em outro
cargo, terá condições emocionais (pressão por resultado) de continuar em frente
com os estudos até que a aprovação no cargo almejado seja alcançada.
Outro
fator deve ser considerado para àqueles que optarem por concurso: a
possibilidade de mudança de cidade para a posse. Recentemente outro amigo foi
aprovado em um concurso, este para Auditor Fiscal do Trabalho. Estava muito
contente, afinal o salário era de aproximadamente de R$ 13.000,00 (treze mil
reais), só que estava preocupado com a possibilidade da (adaptação) mudança de
cidade com família e filhos para, se não me engano o Nordeste. Como é um
concurso federal o aprovado poderá ser enviado para qualquer lugar da federação
e isso obviamente deve ser levado em conta na escolha daquele concurso tão
sonhado e desejado. Claro que muitos ao prestarem concurso nem sequer ligam
para isso, afinal, o alto salário vale a pena.
Para
quem não sabe (o que acho difícil), os salários após aprovado em um concurso da
área jurídica varia entre R$ 2.000,00 à R$ 5.000,00 reais para cargos de níveis
médios (Cargos técnicos), entre R$ 5.000,00 à R$ 7.000,00 reais para cargos de
nível superior (Assistentes e analistas), entre R$ 7.000,00 à R$ 22.000,00
reais para outros tantos cargos na administração pública, sejam eles jurídicos
ou não. Por exemplo: Salário inicial de delegado federal: R$ 13.000,00 reais.
Salário de Advogado Geral da União R$ 14.000,00 reais. Salário de Procurador do
MPF R$ 21.000,00 reais, Salário de Promotor de Justiça R$ 19.000,00 reais.
Salário de Juiz Estadual R$ 19.000,00 reais. Salário de Juiz do Trabalho R$
21.000,00 reais. Enfim, todos que almejam um cargo na administração pública
sabem que o salário é extremamente convidativo, tomando por base, por exemplo,
que na iniciativa privada para se chegar ao patamar de receber um salário de R$
20.000,00 leva-se muitos anos e experiência adquirida e uma boa dose de sorte.
Mas faço uma ressalva: Não pensem que após a aprovação vocês terão vida mansa, muito
pelo contrário, a cobrança por resultados e o alto volume de trabalho serão
fatores freqüentes em suas vidas, ou o que sobrar dela. Brincadeiras a parte, a
administração pública vem tentando fazer valer o princípio administrativo da
eficiência, tudo para se fazer o máximo, com menos recursos e em menos tempo.
Os salários são bons, mas você será exigido igualmente, mas não tenho dúvidas
que valha a pena! Faltou ainda falar da estabilidade, ou seja, uma vez aprovado
e empossado, você terá estabilidade, sendo que a demissão somente se dará em
casos de faltas graves e mediante processo administrativo disciplinar, este com
amplo direito de defesa assegurado pela Constituição Federal.
Para
finalizar este tópico, ressalto que apesar de ser grande o esforço de
preparação, seja na aquisição de conhecimento teórico, seja em preparação
emocional, a satisfação de ser aprovado em um concurso dizem que é
indescritível! Não tenho muitas pretensões em concursos públicos a não ser no
caso da Magistratura, seja Estadual, seja do Trabalho.
4 –
LECIONAR
Eis
nosso último tópico. Lecionar! Seja em qual dos caminhos que seguir, seja
montar escritório, seja advogar em empresa, seja prestar concurso, lecionar
pode ser uma opção concomitante, vejamos:
Ao
se preparar para advogar e prestar concurso (Obviamente que o conhecimento
adquirido após a posse também vale muito!), o conhecimento adquirido pode ser
transmitido através de aulas para outros alunos, seja em faculdades, seja em
cursinhos. O conhecimento nunca, jamais é perdido!
Mas
não pense que apenas dominar alguma matéria é suficiente para sair dando aula
por ai, em alguns casos sim, outros não. Vejamos as peculiaridades de lecionar:
Você
pode dominar várias matérias, mas você pode também dominar uma matéria, por
exemplo, você pode dominar Direito Constitucional, Direito Administrativo e
Direito Tributário, como você pode somente dominar Direito Tributário. Enfim,
depende do seu esforço! Porque digo isso? Porque vejo que não preciso
necessariamente ser expert em todos os assuntos para começar a
lecionar e o domínio de apenas e tão somente de uma matéria já é a porta de
entrada para se conseguir uma vaga de professor. Dizem que lecionar requer
paixão por aprender e por ensinar. Não duvido disso, pois lecionar não é tão
simples assim.
Como
já dissemos, lecionar requer bom preparo para aquela determinada matéria,
conhecimento da lei, doutrinas, jurisprudência, súmulas, orientações, etc...,
ou seja, o máximo que puder saber e estar atualizado sobre a matéria que for
lecionar. Além disso, é preciso saber como transmitir isso aos alunos, ter
didática, pedagogicamente falando, é preciso ser claro na exposição do assunto,
paciente para explicar quantas vezes for até que as dúvidas sejam esclarecidas,
ter dinamismo em sala de aula (quantas vezes você já teve que agüentar aquele
professor monótono que nem sequer o tom de voz varia?), diálogo com os alunos
(Por incrível que pareça tem professor que entra na sala dá a sua aula e não
estabelece essa troca riquíssima que é dialogar com os alunos, se acham
intocáveis!), se preparar para a aula, preparar material (Slides, resumos,
exercícios) para os alunos, enfim, são coisas que o tempo em sala de aula vai
ensinando (quem quer aprender), mas também pode ser objeto de aprendizado antes
mesmo de começar a lecionar. Como? Através de treino! Treine na frente do
espelho, grave sua voz e se ouça, lecione para o irmão, para o tio, para a mãe,
para a avó, para os amigos, pois dessa forma já vai aprendendo a organizar o
raciocínio, a dominar as mãos (Tem gente que movimenta demais as mãos ao
falar). Uma boa dica é ler e treinar técnicas de oratória.
Além
disso, atualmente muitas faculdades por exigência do MEC somente contratam
professores que possuem título de Mestre. Após se formar você poderá fazer uma
pós graduação, Lato ou Strictu Sensu. Lato Sensu são
os cursos de pós graduação com carga horária mínima de 360h, as chamadas
especializações. Já os cursos Strictu Sensu são os programas
de mestrado e doutorado. As especializações tem duração de 1 ano a 1 ano e
meio. O mestrado tem duração de 2 anos e o doutorado duração de 4 anos. Não
preciso necessariamente fazer uma especialização para depois fazer mestrado e
depois doutorado. Posso após me formar, entrar diretamente no mestrado. Mas
tudo isso tem um custo! Pós graduações existem para todos os gostos e bolsos.
Atualmente existem especializações a partir de R$ 2.000,00 reais, chegando a
mais de R$ 20.000,00, dependendo da Instituição onde você estude. Já os
programas de mestrado e doutorado não saem por menos de R$ 35.000,00 reais ao
final do curso. Existem ainda os programas de bolsas de estudos de órgãos de
fomento a pesquisa, tais como CNPq, FAPESP, CAPES, entre outros. É preciso
estar atento a divulgação dos editais de bolsas. Para participar é preciso
apresentar um bom projeto de pesquisa e ser aprovado. Após a aprovação é que se
dará a pesquisa em si.
Para
quem quer lecionar a mudança de endereço também pode acontecer. Conheço vários
professores que ao passarem em concursos para lecionar tiveram que se mudar, de
mala e cuia, com a sua família, inclusive para outros Estados. Obviamente que
você nem precisará se mudar se em sua cidade tiver uma faculdade ou até mesmo
na cidade vizinha.
A
remuneração para quem quer lecionar é convidativa, dependendo do número de
aulas que você der. Se você dá bastantes aulas é possível que tenha uma renda
de mais de R$ 10.000,00 reais (ressalto que aqui depende da titulação e da
Instituição onde leciona). Como não há contrato de exclusividade, você poderá
ser contratado por mais de uma faculdade. Explicar como isso é possível é
matéria para outro texto, mas digo que sim, é possível, sendo que com isso,
obviamente sua remuneração aumentará consideravelmente.
Bons
professores também lecionam em cursos de pós graduação, sendo que grande parte
dos cursos de pós graduação (especializações) contratam o professor para
lecionar um módulo e estes recebem o valor fechado por esse módulo. Algumas
faculdades pagam entre R$ 500,00 reais à R$ 3.500,00 reais ou mais por dia de
aula (ressalto que aqui depende da titulação e da Instituição onde lecionará).
Enfim,
pode se lecionar somente em cursinhos. Cursinhos preparatórios para concursos,
para OAB, etc... Não sei ao certo qual é a remuneração aqui praticada, mas os
comentários são de que recebem uma boa remuneração.
Há
ainda aqueles professores que viajam o Brasil todo dando aulas e palestras.
Recebem um bom valor por cada uma, além das despesas de viagens e hospedagens
serem pagas todas por àqueles que os contratam.
Enfim,
quem se dedica a lecionar deve criar o hábito da pesquisa e da publicação de
artigos e livros e também orientar os alunos na pesquisa, monografias,
trabalhos e também publicação de artigos.
E
ainda, quem se dedica a lecionar pode ter certa flexibilidade em seus horários,
ou seja, podem lecionar de manhã e noite e terem a tarde livre, usando-a para
estudar, preparar aulas ou como já disse anteriormente, concomitantemente
exercer outra profissão como Advogado, Juiz, Promotor, etc..., cabendo a cada
qual utilizar o seu tempo disponível da maneira como queira.
Resumindo:
Lecionar é uma boa opção após a saída da faculdade, pois ao mesmo tempo em que
vai se preparando para um concurso, por exemplo, o conhecimento adquirido pode
ser transmitido para os alunos e de quebra já ir fazendo o seu pé de meia!
Caros
amigos, não quis com esse texto esgotar todos os assuntos tratados. É apenas
uma reflexão sobre qual caminho seguir após a faculdade. Como já percebi pelos
comentários recebidos após a publicação da primeira parte, são dúvidas
pertinentes a milhares de pessoas, não somente a mim.
Para
finalizar quero deixar registrado o que escolhi: Montei um escritório a 1 ano
atrás sozinho, com a cara e coragem. Mas como trabalho em outro emprego e não
tinha quem ficasse no escritório para mim, perdi várias oportunidades. Após 8
meses de escritório, resolvi compartilhar com um amigo o espaço. Infelizmente
também não deu certo, dentre outras coisas, descobri que esse amigo também não
ficava no escritório, conforme combinado. Resolvi fechá-lo, pois, a conta da
manutenção do escritório não estava mais fechando no final do mês.
DECIDI QUE QUERO LECIONAR!
Não simplesmente por que quero. Trabalho numa
faculdade desde os meus 16 anos (Tenho 27 e os meus estudos somente foram
possível porque trabalhava oito, nove, dez horas por dia, e tive bolsa e mesmo
assim achava tempo para estudar!) e acho o máximo ser professor. De quebra, com
a chegada de meu filho para setembro (Minha esposa, Alessandra está grávida de
5 meses do Lucas! \o/), a preparação para lecionar será ainda maior. O que
farei concomitantemente com o magistério ainda é uma incógnita em minha cabeça.
Sempre dizia em sala de aula que depois de formado queria advogar. Era um dos
únicos. Acho o máximo essa profissão, mas ao contrário do que muitos dizem, não
é fácil conseguir entrar e se manter nesse mercado, seja como profissional
liberal, seja como advogado de empresa, detalhes já dei nos dois primeiros
tópicos. Estou começando a considerar a opção de concurso para Magistratura,
seja Estadual, seja do Trabalho. Afinal de contas, agora não sou só eu, sou eu,
minha esposa e meu filho e garantir um futuro com tranqüilidade, segurança e
conforto para eles é mais que minha obrigação nesse momento, ou seja, não tenho
tempo a perder!
Mas
e aí o que fazer? Qual caminho seguir? Não existe solução mágica! Existe
trabalho, dedicação e preparo, pois somente assim a sorte pode lhe sorrir!
Desejo
sucesso, saúde, muito trabalho e dedicação a todos, pois no final tudo terá
valido a pena!
Se quiserem trocar experiências estou à
disposição!
Abraços
e sucesso a todos!
Gilmar Vieira é Bacharel em Direito pelo
Centro Unisal, Advogado Especializando em Direito Empresarial pelo Centro
UNISAL, Lorena/SP.
Twitter: @gilmarvieira