quarta-feira, 23 de fevereiro de 2011

Empresas brasileiras não participaram de fraude, diz site Alibaba

O anúncio de que foram identificados casos de fraudes entre fornecedores do site chinês Alibaba.com, o maior portal de e-commerce entre empresas do mundo, feito nesta segunda-feira, chegou em um momento em que a plataforma tenta se firmar no Brasil. O portal criou sua representação no País em março do ano passado, através da empresa Ludatrade, e busca uma expansão de 35% na sua base de usuários em 2011. Os últimos dados, de outubro do ano passado, apontam para 220 mil cadastros. A meta da companhia é encerrar o ano com 300 mil.

Até agora, não foram identificados casos de fraudes no Brasil, de acordo com diretora de assuntos internacionais da Alibaba, Linda Kozlowski. A diretoria do site na China anunciou que baniu 2.326 fornecedores que lesaram os compradores do site, todos chineses. “Como não tivemos casos no Brasil, isso pode até aumentar as negociações com as empresas brasileiras”, afirma o diretor de vendas e sócio da Ludatrade, Diego Magalhães.

A expectativa de Linda e dos sócios da Ludatrade é que a notícia da fraude não prejudique os negócios no Brasil. Para ele, a divulgação das fraudes, feita pelo próprio Alibaba, indica que a companhia não tolera este tipo de prática. “Isso mostra para os clientes que vamos identificar e expulsar as empresas fraudulentas”, diz Magalhães.

Um dos clientes da companhia, o empresário Renaud Adorno, dono da Flex Deck, empresa de pequeno porte que faz produtos de madeira, disse que vai continuar a comprar no site. Ele quer exportar 70% da sua produção entre 2011 e 2012 e 80% dos negócios são fechados com contatos que fez por meio do Alibaba. 

Além de exportar para países como Israel, Eslovênia e Estados Unidos, o empresário também importa pelo site. Foi na plataforma, por exemplo, que ele decidiu substituir o fornecedor de plástico brasileiro por um de Cingapura, segundo ele, mais barato e com mais qualidade. “Nunca tive problemas”, diz.

São empresas como a de Adorno que a Alibaba tenta conquistar no Brasil. “O foco são pequenas empresas. A ideia é que eles possam comprar e vender no exterior sem precisar de tradings”, diz Rodrigo Sabate, sócio responsável pela divisão de importação e exportação.

Como funciona
O site reúne anúncios dos mais variados produtos, como roupas, produtos químicos e até carros usados e oferece canais de negociação entre vendedores e compradores, semelhante ao que existe hoje no Mercado Livre ou no eBay. A diferença é que a compra é um processo de importação ou exportação, direcionada, especialmente, a negócios entre empresas. Assim, os usuários do sistema definem as formas de pagamento, que podem ser por cartas de crédito, depósitos à vista ou após o embarque do produto, por exemplo. “Isso é praxe no comércio internacional”, afirma Thiago Silingvosch, outro sócio da Ludatrade.

O Alibaba certifica parte de seus vendedores com um selo “gold”, que garante que o site verificou em menos de um ano se a empresa está regularizada. São consultados dados como CNPJ, o endereço e telefones de contato da companhia cadastrada. A certificação, no entanto, não garante que as condições oferecidas no anúncio serão cumpridas.

Os fornecedores fraudulentos tinham o selo “gold” e ofereciam, em geral, produtos eletrônicos, com possibilidade de vendas em pequenas quantidades e com opções de pagamento menos confiáveis, de acordo com comunicado do Alibaba. Esses vendedores lesavam os clientes ao não cumprir o acordo de venda.

Para evitar novas irregularidades, a Alibaba vai aprimorar o seu sistema de detecção de fraudes. A companhia planeja reestruturar seu sistema de reclamações e intensificar ações para garantir a independência do processo de certificação. “Nossa meta é posicionar a plataforma como um sistema confiável e seguro no mercado”, diz Lisa.

A responsabilidade por eventuais danos, em geral, é das empresas fraudadoras e não da plataforma de negociação, segundo especialistas em direito digital ouvidos pelo iG. “Em sites brasileiros, a Justiça, muitas vezes, responsabiliza as plataformas, porque isso atende ao Código de Defesa do Consumidor. Mas, como a sede da empresa é fora, o CDC não se aplica”, afirma Victor Haikal, sócio do Patrícia Peck Pinheiro Advogados.

A exceção é quando o site é tolerante com as fraudes ou presta informações erradas sobre as empresas que possam provocar os danos. “Não podem ser coniventes por ação ou omissão de práticas ilícitas”, afirma o advogado David Rechulski.

Fonte: IG Economia

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